Eucanãa Ferraz organizou uma antologia com nomes festejadíssimos na poesia
e em letras
de música popular ,
enfileirando-se Ferreira Gullar, Chico,
Caetano, João Cabral, Cazuza, Manuel Bandeira ,
Aldir Blanc, Mário Quintana, Gilberto Gil, Murilo Mendes, Noel Rosa , Vinícius de Moraes ,
Waly Salomão, Oswald de Andrade, Francisco Alvim, Adriana Calcanhoto, Antonio Cícero , Armando Freitas Filho
e, por último ,
Ana Cristina César.
No entanto ,
o resultado é pífio .
Para não ser muito rigoroso , incluiria dois poemas que
fogem ao ritmo da vulgaridade
geral : um
de Noel e outro de Murilo. Mas os outros ,
na presunção de se constituírem remédio antimonotonia, produziram justamente
uma reação contrária .
Ao menos neste plumitivo.
Tive a pachorra
de ler toda a
antologia (editada pela
Objetiva )
de uma assentada. Inicia-se com um poema de
Drummond.
“Admirável
espírito de moços ,
a vida
te pertence .
Os alvoroços ,
as iras
e os entusiasmos que
cultivas
Recorri ao Bandeira ,
já em
desespero , por
não encontrar
nada interessante na dita antologia . Foi outra decepção .
Eis um
de sua autoria com
o título “Na boca ”:
“Sempre
tristíssimas estas cantigas de carnaval
E nos
três dias
de carnaval
O ano
passado ele
parava diante das mulheres
bonitas
e gritava pedindo o esguicho de cloretilo:
- Na boca !
Na boca !
Umas davam-lhe as costas com repugnância
outras porém
faziam-lhe a vontade .
Dorinha meu
amor ...
Se ela
fosse bastante pura
eu iria agora
gritar-lhe
- Na boca !
Na boca !”
O leitor
sente-se de alguma forma curado da monotonia com esse poema do Bandeira , o grande
Bandeira , que
tenho em boa conta
como poeta ?
No meu
caso , o tédio
só se aprofundou a partir
da leitura de tais
poemas .
Colhe-se à página
159:
“Convite ”
– (é o título )
“Basta
de poemas para
depois ...
Ó Vida ,
e se nós dois
vivêssemos juntos ?”
“Meu
poema
é um
tumulto :
a fala
outras vozes
arrasta em
alarido .
(Estamos todos
nós
se dizes pêra
acende-se um
clarão
de tardes
e açucares
se azul
disseres,
pode ser que se agite
o Egeu
A antologia ,
que traz esse
título “Veneno
Antimonotonia”, é uma supina droga . Não se
consegue colher um
único poema
que a redima da total
mediocridade.
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