uma criatura absurda
apareceu certa feita
à praia saído
de um buraco na areia.
era impossível concebê-lo
como vivente;
era feito somente
de cartilagem,
com duas antenas sobre
essa estrutura
bem organizada
porém frágil
nas quais despontavam
dois pontos pretos
à semelhança de olhos
que a tudo espreitavam.
percorria pequeno trecho
como se procurasse
examinar a área
em volta;
qualquer ruido
por menor que fosse
provocava-lhe logo
o pânico,
levando-o a procurar
o buraco donde provira,
mas entre nós logo
formou-se boa amizade.
por muito tempo
ficamos um próximo
ao outro nessa contemplação
mútua e muda.
(poema de Hamilton Alves escrito em setembro de 2006 sob o pseudônimo de M. Hohl).
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