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Saturday, August 13, 2016

A PRIMEIRA MISSA - Hamilton Alves

                                   Fui ver uma quarta vez a obra monumental de Vitor Meirelles “A Primeira Missa do Brasil”. É dessas obras que não se cansa de ver.
                                   Quem a observa atentamente, nos menores detalhes, chega à clara conclusão que não há muitas iguais no mundo em grandeza.
                                   Mesmo para quem não seja um especialista em arte essa dedução é natural. Ou se torna fácil fazer-se.
                                   Citei como obras paralelas à de Vitor ‘Guernica” e “As Senhoritas d'Avignon”, de Picasso.
                                   Há quem possa alegar que faço comparação entre coisas desiguais ou de escolas diametralmente opostas. Isso não impede de compará-las. Posso comparar, por exemplo, uma banana com uma laranja e nem por isso estarei incorrendo num absurdo. O que é que comparo? A beleza entre ambas. Qual a que passa maior expressão estética. Claríssimo, torna-se difícil senão impossível dizê-lo. Tanto a banana quanto a laranja esteticamente têm seus próprios valores.
                                   Assim com respeito às obras referidas de Picasso e Meirelles.
                                   São fundamentalmente diferentes por pertencerem a épocas e escolas distintas. Mas no que se refere a sua qualidade como obra de arte, independentemente de qualquer outro fator, pode-se compará-las. Ambas têm, sem dúvida, altíssimo poder de expressão artística. São obras primas diante das quais tem-se a clara percepção de sua grandiosidade. Estão acima de qualquer juízo de valor.
                                   Mesmo em se tratando de apuro técnico difícil é estabelecer qualquer distinção, embora me pareça que, no caso da tela de Vitor, lhe tenha exigido maior empenho. Quanto tempo levou para concluí-la?
                                   Não foi certamente em um dia, um mês ou mesmo um ano. Exigiu-se mais tempo.
                                   Uma proposta interessante seria de saber o que Picasso diria de “A Primeira Missa” e o que Meirelles acharia de “Guernica”, tendo diferentes visões de arte ou pertencendo a escolas distintas.
                                   Creio que Picasso faria grandes elogios à tela de Meirelles e este outro tanto diria da de Picasso. Picasso deveria ser um artista que via a arte como um todo, não apenas como representação de uma escola. Do mesmo passo, suponho que Meirelles teria idêntica postura. Nada de limitações. O artista, em geral, tem um espírito aberto à criação. Ou para o belo. Lembremo-nos que Picasso aplaudiu um quadro de Modigliani, o retrato de sua mulher, Jeane Hébuterne, que, grávida, se matou logo depois que ele morreu. Modigliani não pertencia a sua escola. Era figurativo, muito próximo do expressionismo.
                                   Picasso e Meirelles, dois renomados artistas, que dividem igualmente o panteão dos gênios.

(maio/08)

                                   

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