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Friday, October 14, 2016

CRISE CAPITALISTA - Hamilton Alves





                                   Não vou pretender, nestas rápidas linhas, explicar a crise capitalista, que está, certamente, na raiz mesma de suas históricas contradições, já tão fartamente reveladas por Marx.
                                   Conheço precariamente as idéias do filósofo alemão. Essencialmente, para Marx, a sociedade capitalista, tal qual se estrutura, chegará mais cedo ou mais tarde ao próprio fim. Trata-se, segundo ele, de um processo, que tem seu limite, ou seja, seu fim bem demarcado, que assinalará o começo de nova era histórica, com a necessária e irremediável abolição do capitalismo como forma de organização da economia.
                                   Não vou muito menos desfilar aqui o quanto tem de nefasta a sociedade burguesa, sob a qual se estrutura o capitalismo. É reconhecidamente um sistema desagregador e instaura entre as pessoas a sociedade de classes, o que, por si mesmo, é algo absolutamente absurdo, estabelecendo níveis de inserção social ou de oportunidades para uns e para outros. Trava-se, silenciosamente, uma luta de foice no escuro entre os agentes sociais, em que, no dizer popular, quem pode mais chora menos.
                                   Tudo bem. Reconheçamos tudo isso de nefasto no sistema capitalista.
                                   Não ouso defendê-lo em qualquer instância,
                                   Mas pergunto: a solução seria a adoção do comunismo, na pureza da teoria de Marx, que equivaleria à abolição do Estado burguês?
                                   Isso não seria utópico?
                                   Historicamente, o Estado, como o entendemos cientificamente, em nosso tempo, está fadado, mais dia, menos dia, a desaparecer até pela contingência mesmo do processo a que se aludiu há pouco.
                                   Mas desaparecido, admitindo-se para argumentar, o Estado, seguindo-se a ditadura do proletariado (como ocorreu de certo modo em período histórico conhecido na URSS), isso equivaleria à emergência de uma sociedade uniforme, que não admite contrafação ou por cuja cartilha todos têm que rezar, queiram ou não.
                                   Trata-se de uma sociedade fechada e dogmática, que não abre espaço à dissidência ou a idéias antagônicas, que impõe o estabelecimento de verdades definitivas e absolutas que todos têm que seguir e acatar.
                                   Como preconizava Marx em “O capital”: “de cada um segundo suas possibilidades, a cada um segundo suas necessidades”.
                                   Tudo seria público, nada privado.
                                   Teoricamente, tudo isso é, sem dúvida, ao primeiro exame, o reino da racionalidade, superando-se as contradições capitalistas, o processo burguês de produção e outros males de tal regime.
                                   Não deu certo na URSS, que implodiu depois de 70 anos de adoção de tal regime (se bem que não muito dentro dos moldes marxistas) nem em Cuba, onde até hoje a sociedade se debate com os maiores problemas.
                                   Cícero, o grande mestre grego, tinha uma frase que poderia trazer consideráveis lições para todos nós. Dizia ele: não há governos ideais.
                                   Acho que Cícero tem lá suas boas razões para dizer o que disse.
                                   Está para ser ainda criada uma doutrina que resolva satisfatoriamente a constituição de uma sociedade impecavelmente organizada, em que, por fim, se alcance a meta tão sonhada de estabelecer, entre os homens, o ideal da igualdade e da justiça.
                                   Creio que o mais sábio seria aceitar-se uma sociedade em termos relativos, abandonando-se o sonho do absoluto. Até porque, neste mundo, não há absolutos.
                       
                                  
                       




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