Num
jornal em que trabalhei há muitos anos, o “Diário da Manhã,” dirigido pelo meu
querido e saudoso amigo escritor Zedar Perfeito da Silva, havia uma seção de
astrologia. Conheci a astróloga, que era uma pessoa amável, que só fazia aquela
coluninha prevendo o destino zodiacal das pessoas e nada mais.
Num
de nossos papos diários, pois frequentava a redação a horas regulares para
entregar sua matéria, púnhamo-nos a conversar sobre os mais diferentes
assuntos.
Foi
exatamente numa dessas ocasiões que sugeriu que grafasse meu nome “Hamilton”
sem o “H”.
Claro que não adotei a
sugestão, embora também me parecesse que grafar meu nome sem “H” o tornaria
mais simples ou menos sofisticado ou menos parecido com nome de americano ou
com a pronúncia em inglês que a grafia sugere.
De
vez em quando, tenho a tentação de aderir à mudança por ela proposta faz tantos
anos. Não acho simpático grafar meu nome com “H”. Parece meio pedante. Mas não
tenho, obviamente, nenhuma culpa por isso.
Minha
mãe, certa vez, falando sobre a escolha de meu nome, me contou a história, que,
por ser muito íntima e pertencer ao acervo de dados secretos da família, não
revelarei. Pode ser coisa banal (de fato o é), mas há coisas sobre as quais se
deve guardar o devido sigilo e não se expor assim publicamente.
Venho
agüentando esse nome (agüentando é modo de dizer). Não tenho nada contra meu
nom. Há até quem o considere bonito. Conheço vários xarás que o grafam como eu
o faço. E nem por isso vivem às turras com seu nome. Até pelo contrário.
Honram-se muito de usá-lo. Embora concordem que a eliminação do “H” poderia
trazê-lo para mais próximo de nosso espírito de brasilidade. E menos americanidade.
Nada
disse à astróloga quando me recomendou a supressão do “H”. De mim para comigo disse
que levaria por diante meu “H” ainda que, como ela previsse, isso poderia me
levar a não ter boa sorte na vida.
-
Com “Amilton”, sem o “H”, você irá de vento em popa na vida.
Não
levei tal prognóstico, claro, minimamente a sério.
Estava
disposto a arrostar todas as dificuldades e adversidades com o meu “H” de
batismo.
Não
é o nome que faz a pessoa (pensei sempre), mas o contrário.
Veja-se,
por exemplo, um nome como “Juscelino”. Quem poderia crer que o detentor de um
nome desses se tornaria o maior Presidente que nosso país já teve?
Vou
abrir levemente a cortina em torno de minha privacidade: quando vejo meu nome nos
jornais ou impresso (confesso-o) desagrada-me o “H”.
Por
que então conservá-lo?
Por
que não acolher o conselho da astróloga?
Não
o faço por uma única razão: não posso alterá-lo juridicamente. Não há
fundamento legal para fazê-lo. Caso contrário, poderia até tentá-lo.
Mas
a essa altura da vida tenho que conviver com o “H”, para o bem ou para o mal.
.(abosto/08)
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