“Bom
dia , tristeza ”
foi publicado em 54. Françoise Sagan até então era uma ilustre
desconhecida . Nasceu em 1935, na cidade
de Cajarc, de família de recursos . Até
1939, antes de estourar
a última guerra
mundial, a escritora viveu em Paris. Depois , foi para Lyon (com a invasão
da França pelos alemães ).
Françoise, com a família ,
só voltou a Paris com
a libertação do país
pelas forças aliadas. Ingressou na
Sorbonne, mas ali
permaneceu por dois
anos apenas ,
passando a dedicar-se, desde então , ao que sempre fora a sua paixão , a literatura . Em 1954, lança esse livro praticamente sem
grandes pretenções, narrando a história de quatro
personagens , pai ,
filha e duas amantes
do pai , que
passando a viver por
um período na
Riviera francesa, vêm logo a se desentender , separando-se a filha
de seu pai .
Mas o que
parece ter deflagrado, nos
leitores , a curiosidade
por essa novela
não foi tanto
seu conteúdo
literário , mas
o título do livro ,
“Bonjour tristesse”, que logo provocou resenhas
nos jornais
da França pró e contra ,
mais pró
do que contra ,
passando a escritora à projeção internacional , sendo traduzida em
vários idiomas .
Logo o livro
rendeu um roteiro ,
que foi filmado nos
Estados Unidos, que ,
por sua
vezx, deu o que falar ,
com o bom
desempenho da atriz
Jean Seberg, que então
interpretava um de seus
primeiros papéis. Mas
de um modo
geral , igual
ao livro , o filme
não chegou a ser
uma obra prima .
Ganhou mais em
notoriedade por motivo
do livro , que
logo alcançou a lista
dos mais vendidos em
todo o mundo .
O nome
verdadeiro de Françoise é Françoise
Quoirez. Claro que
com tal
nome não
iria muito longe .
Nenhum Quoirez conhecido
(ou desconhecido )
chegaria à glória literária
com esse
nome horroroso .
Daí que teve o cuidado
de mudá-lo para Sagan, que
é um personagem
de Proust, recolhido de “Em busca do tempo
perdido”, a pricesa Sagan.
O livro
não só
deu fama à escritora, como
também lhe
possibilitou uma vida de certo modo
ragalada, resultante do êxito de vendagem em
todas as grandes metrópoles
mundiais como ainda
por direitos
autorais para filmagens.
Sagan, de moça
modesta, passou a viver como
figura obrigatória
da mídia , concedendo desde então entrevistas , sendo fotografada por
onde andasse e dando palestras sobre
o livro e sobre
sua vida
(fora e dentro
de seu país ).
Passou a ser , em
suam, uma personalidade mundial.
A escritora teve alguns problemas
pessoais em
sua vida
amorosa .
A escritora veio
a falecer há pouco .
As páginas
dos jornais parisienses
voltaram a se rechear com necrológios
de grandes nomes
da imprensa francesa, encabeçados por Gilles Lapouge, que
lhe dedicou quase
uma página inteira
de um jornal
brasileiro , com
matéria traduzida de onde foi publicada originariamente. Lapouge conta o essencial da vida da escritora. E de como ,
ainda no fim
da existência , Sagan era um nome considerado no mundo
literário francês
e seu livro ,
vez que
outra , merecia citações
como tendo sido um
dos grandes momentos
das letras francesas.
O fenômeno
Sagan, de celebrizar-se com um livro aos
dezenove anos de idade ,
não é tão
comum assim .
A explicação de Lapouge, para
o fenômeno , é de que
o título do livro
foi tão feliz ,
tão belo ,
causando de imediato tanto impacto ao ser lançado, independentemente
do conteúdo , que
foi suficiente para
desencadear , como
em tantas outras vezes
ou em
tantos outros
equívocos , o interesse
mundial. Embora como
referido, a história que se narra é rigorosamente
banalíssima.
Perdida minha
edição desse livro
há muito tempo ,
andei a caça dele em
sebos , livrarias
com bom
acervo de obras
antigas para recuperá-lo. Minha
edição , conseguida logo
à primeira edição
da obra , era
de bom feitio
gráfico e me
levou a perder uma ou
duas semanas para
lê-la, um pouco
mais velho
que Sagan, em
torno de meus
25 anos .
A caça
deu bom resultado .
Encontrai o livro , não
com o mesmo
aspecto gráfico ,
em brochura ,
numa edição da Record, de 1957. E voltei
a repassar as páginas ,
agora obviamente não
com o mesmo
ânimo que
fez com que
lesse aq edição perdida (ou extraviada), pois os tempos mudaram, amadureci, o livro
de Sagan não me
despertou a mesma avidez
da primeira vez
que o li.
Constata-se facilmente que o título
valeu pelo conteúdo .
Ou o título
belíssimo fez a cabeça de uma legião de leitores
por todo
o mundo . Além
disso, a mídia fez o resto , com divulgação “Ubi et Orbi” da novela ,
que é, a rigor ,
água com
açúcar ; nada
mais que
isso . Lapouge não
me deixa
mentir .
A edição
que recuperei de uma livraria de livros
velhos está figurando agora em minha pequena biblioteca , de onde
o retiro , de quando
em vez ,
para ler duas ou três páginas ou
relê-lo de novo .
A personalidade
conflituosa e idiossincrática da escritora ajudou muito ,
também , na projeção
de seu livro
famoso . Desde
o primeiro momento
em que
foi vista sua
figura miúda ,
de uma expressão facial quase anódina , com ar de “pequena rebelde ”,
o mundo apaixonou-se por Françoise Sagan. E ela
passou, durante anos ,
a ser alvo da
curiosidade de todos ,
que a tornaram célebre
ainda mal
despertando para as primeiras experiências
da vida .
No comments:
Post a Comment