Caminha pela rua deserta
e olha os postigos das janelas altas,
uma luz baça a tremeluzir,
um rosto que se ensaia
à sombra atrás de um cortinado.
Depois volta os olhos
para uma mulher arrastando
ao longo da rua um saco
de coisas inúteis.
E mais adiante verás o guarda
a trilar o apito
no meio da noite,
que repercute ao longe,
misturado ao latido triste
e sofrido de um cão.
E verás mais, muito mais,
verás a mulher do povo,
apagada e vadia,
oferecendo-se para o que der e vier,
sem outro plano qualquer.
E, quando já estiveres exausto
de tanto ver ou de tanto perambular,
não te sobrará muito,
mas poderás olhar em teu próprio
íntimo, e nada perceber,
a não ser que não te resta
Outra alternativa
que caminhar, caminhar, caminhar.
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