o circo tinha ido embora
e o elefante tinha ficado como última peça
a ser encaixotada.
treinava sobre um pau
uma dança que não lhe era própria,
a mutilação de seu próprio ser.
da distância me olhava,
como a falar-me sob forma de protesto
de tal violação.
não gostava (era óbvio)
do picadeiro; arrancaram-lhe do ambiente
natural para uma dança perversa.
pobre elefante, além de corrompido,
abandonado, a rolar as patas
num pau redondo.
era uma tarde fria,
o elefante no contraste de um espaço
aberto, à espera do circo e
de seu inevitável picadeiro
em outras praças de espetáculo.
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