A palavra
jaz no fundo do poço
na grota das almas
nas perdidas esquinas
ou na mata selvagem
ou no buraco negro
da noite ou ainda
se se permite a imagem
na antimatéria do cosmos
a palavra é a palavra
fenomenologicamente
dentro e fora de seus
níveis ou embaixo e
acima de seus sentidos
sob a chuva e o sol
nos ermos dos caminhos
na lânguida manhã
ou sob a brusquidão
das intempéries
no remanso dos rios
na flor que se agita
sobre seu ínfimo caule
ou na tarde aziaga
no vôo desesperado
dos pássaros
no cerne dos herbáceos
na crista das ondas
emerge cristalina
e triunfal a palavra
com todos os signos
imagináveis e desejáveis
na augusta madrugada
quando todos os gatos
são pardos ou na vibrátil
ruminação dos fantasmas
a palavra
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