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Wednesday, October 16, 2013

BECKETT - Hamilton Alves


Que é que sei de Beckett? Pouco, muito pouco. Sei que formou na resistência francesa, na segunda guerra mundial, quando da invasão nazista na França. Hitler, quando se deparou com Paris, deve ter achado uma grande petulância se meter lá dentro. Não tinha suficiente estofo para tamanha grandeza. Ou talvez nem olhasse a coisa desse ângulo.
Mas voltemos a Beckett.
Sei que conheceu a mulher com quem veio a casar por ter sofrido um acidente de bicicleta (Paris deve ser a cidade ideal para se andar de bicicleta por ser inteiramente plana), que o ajudou a erguer-se e a recuperar-se. Desde então não se separaram mais.
Que ganhou o Nobel de literatura não é novidade para ninguém.
Talvez não tenha sabido que a atriz Cacilda Becker, que interpretou o papel de Estragon, na peça de sua autoria, “Esperando Godot”, ao lado de seu marido Walmor Chagas, tenha morrido, em pleno palco, de aneurisma.
Descobri uma foto de Beckett andando sozinho pelas ruas de Paris, carregando às costas uma sacola enorme. Era um de seus prazeres confessos – andar.
Como dizia outro escritor de nomeada, Patrick Suskind, andar envolve uma atividade de teor sedativo ou lúdico (di-lo em The Pidgeon ou A Pomba) – uma das melhores novelas que li.
Fui assistir “Fim de Partida”, um texto que tentei ler em espanhol, mas me enjoou de saída. Fui ver a peça bem mais tarde, com Edson Celulari e Cacá Carvalho nos papéis de Hamm e Clov, revezando-se em um e outro. Saíram-se às mil maravilhas tanto num quanto noutro. Nunca esperei que pudessem produzir um espetáculo majestoso de teatro.
Fui ao teatro nessa ocasião sem nutrir grande esperança de ver algo que me encantasse.
Beckett (todo mundo que o conhece ou já leu algo a seu respeito o sabe) era absolutamente cético. Mas era atormentado pela idéia tenaz da existência de Deus, de que nunca conseguiu se libertar inteiramente.  Sua peça “Esperando Godot” bem o reflete. A palavra Godot é uma corruptela de “God”, que significa Deus em inglês. Ou ainda em alemão “Got”.
Beckett revolucionou a cena mundial com suas peças absurdas. E isso parece que é o bastante para colocá-lo no panteão dos grandes dramaturgos de todos os tempos.

(set/10).


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